
Até então, Luciano nunca tinha se envolvido, na prática, com trabalhos artísticos. Depois do acidente, passou uma temporada fazendo tratamento em Brasília. Enquanto outros pacientes realizavam trabalhos manuais, ele não podia. "Perguntei pra instrutora: 'posso pintar?' E ela perguntou: 'como você quer pintar?’ Falei: 'Ah, bota o pincel na minha boca, uma tela e eu tento.' Era meu último dia lá".
De volta ao Rio, Luciano seguiu o tratamento na ABBR (Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação). Na oficina terapêutica, foi se aperfeiçoando na pintura sem a pretensão de se profissionalizar. Chegou a pensar em parar, mas um médico lhe deu o estímulo que precisava. "Ele olhou um quadro meu, gostou e quis comprar."
Luciano percebeu que poderia transformar sua arte em profissão. Aperfeiçoou-se, investiu em materiais, leitura, buscou informações de grandes artistas. Em 2005, ele foi aprovado na Associação dos Pintores com a Boca e os Pés presente na Suíça e que tem, aqui no Brasil, representação em São Paulo. Em troca de uma bolsa mensal, Luciano manda à Europa suas telas para se transformarem em calendários e cartões. O dinheiro, ele investe na pintura.
O artista começou, também, a fazer eventos. Passou a dar palestras motivacionais em empresas, faculdades, instituições e fazer demonstrações de pintura com a boca ao vivo. "Normalmente, eu levo uma tela que eu possa pintar no mesmo dia. Até porque as pessoas gostam de ver algo sendo começado e terminado."
Se em exposições Luciano faz pinturas mais rápidas, há telas que levam meses para serem concluídas. "Depende muito da técnica, dos detalhes, do tamanho da tela." Há também o fator compromisso. Se forem pinturas para expor ou vender, Luciano tem que ser rápido para entregar no prazo determinado.
Da mais simples a mais rica em detalhes, as telas de Luciano têm como inspiração flores, animais e paisagens. Tudo o que tiver presente na natureza e for belo, inclusive o mar.
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